A miastenia gravis é uma doença neuromuscular que pode parecer apenas um cansaço acumulado ou uma noite mal dormida à primeira vista.
Isso porque os seus sintomas iniciais mais comuns, como a queda das pálpebras (ptose), a visão dupla e a fadiga muscular, muitas vezes aparecem de forma sutil.
No entanto, esses sinais podem indicar um problema bem mais profundo: uma falha na comunicação entre os nervos e os músculos.
A seguir, vamos conhecer os principais detalhes sobre a miastenia gravis, como se manifesta, por que pode se confundir com outras condições e qual o papel da eletroneuromiografia para o diagnóstico correto.
Como a miastenia gravis afeta o corpo?
A miastenia gravis é uma doença autoimune, o que significa que o próprio sistema imunológico do paciente ataca estruturas do corpo por engano.
No caso da miastenia, o alvo são os receptores de acetilcolina, uma substância fundamental que permite que o impulso elétrico enviado pelo nervo chegue ao músculo.
Dessa forma, quando os anticorpos bloqueiam esses receptores, a comunicação entre o nervo e o músculo acaba ficando comprometida.
Como resultado, os músculos não recebem o comando de forma eficiente, o que leva à fraqueza muscular.
Por isso, os sintomas mais comuns da miastenia gravis costumam incluir, por exemplo:
- Queda das pálpebras (ptose);
- Visão dupla ou embaçada;
- Dificuldade para mastigar e engolir;
- Voz anasalada ou fraca após falar por muito tempo;
- Fraqueza nos braços ou pernas, que piora com o esforço,
- Em casos mais graves, também pode haver dificuldade para respirar.
É muito importante destacar que classicamente os sintomas da miastenia gravis tendem a flutuar ao longo do dia.
De manhã, o paciente pode estar relativamente bem, mas à noite sente piora da fraqueza, os olhos mais pesados , cansaço generalizado, engasgos e fala enfraquecida, por exemplo.
Por que os sintomas são confundidos com cansaço ou estresse?
Como os sinais da miastenia gravis podem eventualmente aparecer de forma insidiosa no início e pioram com o esforço, é comum que os pacientes pensem que estão apenas “sobrecarregados” por conta do estresse do dia a dia.
Por isso, a miastenia pode demorar para ser reconhecida. Afinal, os pacientes costumam procurar a ajuda de outros profissionais primeiro, levando ao atraso do diagnóstico e início do tratamento.
Além disso, como os exames de sangue e de imagem muitas vezes se mantêm totalmente normais no início da condição, é necessária uma investigação mais direcionada. É aí que entra a importância de exames como a eletroneuromiografia.
O papel da eletroneuromiografia no diagnóstico de miastenia gravis
A eletroneuromiografia (ENMG) é um exame fundamental para avaliar como os nervos e os músculos estão se comunicando. Por isso, é altamente indicado quando há suspeita de doenças neuromusculares, como a miastenia gravis.
No caso da miastenia, observamos uma queda progressiva na resposta muscular aos estímulos repetidos (fatigabilidade), o que sugere fortemente uma falha na junção neuromuscular. Tais anormalidades na ENMG, em conjunto com testes clínicos e laboratoriais, confirmam o diagnóstico e nos permite iniciar o tratamento mais adequado.
Tratamento e qualidade de vida
Felizmente, a miastenia gravis tem tratamento. Na maioria dos casos, é suficiente para garantir uma vida com boa qualidade.
De modo geral, o tratamento pode incluir, por exemplo:
- Uso de medicamentos que melhoram a comunicação entre nervos e músculos;
- Imunossupressores, que reduzem a ação do sistema imune;
- Corticoides;
- Em alguns casos, cirurgia para retirada do timo (timectomia),
- Internação com suporte ventilatório nos quadros mais graves.
De todo modo, manter o acompanhamento com um neurologista experiente é indispensável para ajustar o tratamento e monitorar a evolução da doença.
Encontre ajuda especializada
A miastenia gravis é uma condição que pode evoluir com muita gravidade e que necessita de atenção.
Por isso, se você perceber que a sua força muscular vem diminuindo ao longo do dia ou que tarefas que antes eram simples, como mastigar, falar ou enxergar, estão mais difíceis, procure um médico capacitado rapidamente.
Sou a Dra. Melissa Polaro, especialista no diagnóstico e acompanhamento de pacientes com doenças neuromusculares, como a miastenia gravis.Se você deseja passar por uma avaliação mais precisa, entre em contato.