As causas de doenças neuromusculares vão muito além da questão genética ou de condições raras, como muitas pessoas imaginam.
Inclusive, as infecções virais e outros processos infecciosos são alguns dos principais fatores desencadeantes de doenças neuromusculares, que apresentam sintomas como fraqueza, formigamento e dor persistente.
No conteúdo a seguir, vamos entender melhor como essas condições afetam o funcionamento neuromuscular, os sinais que precisam de atenção e de que forma exames como a eletroneuromiografia ajudam no diagnóstico e no tratamento.
Quando o problema não é genético: infecções como causas de doenças neuromusculares adquiridas.
As causas de doenças neuromusculares nem sempre estão ligadas à genética ou a quadros raros.
Na verdade, o que pode acabar desencadeando o problema em muitos casos é uma simples infecção viral ou uma resposta inflamatória exagerada do nosso sistema imunológico a qualquer agressão externa.
Isso significa que, após algo aparentemente simples, como uma gripe, infecção intestinal ou até mesmo uma COVID-19, o organismo pode acabar atacando estruturas importantes, como nervos periféricos e músculos.
Esse processo pode ocorrer de forma direta, com o agente infeccioso agredindo os tecidos nervosos, ou de forma indireta, quando o sistema imunológico reage de uma forma considerada “desregulada”.
Em ambos os casos, os nervos e músculos deixam de funcionar corretamente, causando sintomas como:
- Fraqueza muscular;
- Dores musculares persistentes;
- Dormência ou formigamento em mãos e pés;
- Dificuldade para andar ou levantar objetos
- Cãimbras frequentes ou espasmos musculares,
- Sensação de fadiga intensa que não melhora com o repouso.
Esses sinais costumam aparecer alguns dias ou semanas após a infecção inicial, o que muitas vezes atrasa o diagnóstico. Afinal, o paciente pode não associar os sintomas neuromusculares ao problema que acabou de enfrentar.
Exemplos de doenças neuromusculares que podem ser associadas a vírus e inflamações
Algumas das doenças neuromusculares que podem ser desencadeadas e agudizadas por vírus ou por reações inflamatórias incluem:
- Síndrome de Guillain-Barré: uma condição autoimune classicamente descrita como pós-infecciosa – de etiologias virais ou bacterianas, que causa fraqueza muscular rapidamente progressiva e que pode evoluir gravemente até insuficiência respiratória, sendo uma das principais urgências neuromusculares nos prontos-socorros. Costuma ser uma doença monofásica (que ocorre uma vez na vida) e com bom prognóstico à longo prazo, contudo, na fase aguda é de extrema gravidade.
- Polineuropatias inflamatórias: a polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica (PICD) é uma doença que pode ter a infecção aguda como como gatilho. Caracteriza-se por perda de força e de sensibilidade nos membros, sendo de caráter crônico com episódios recorrentes de agudização. Necessita de tratamento imunossupressor à longo prazo e acompanhamento contínuo com neurologista.
- Miopatias virais, transifecciosas e pós- infecciosas: inflamações nos músculos causadas por vírus como HIV, Influenza, dengue, COVID-19, entre outras infecções. Manifesta-se de forma variada, desde quadros leves apenas com fadiga persistente até formas muito graves com necrose muscular, que produzem grande quantidade de mioglobina no sangue, sobrecarregando os rins e podendo evoluir com insuficiência renal aguda.
- Síndromes Miastênicas (Miastenia Gravis e Botulismo) : Na Miastenia Gravis, a infecção pode ser gatilho para primeira manifestação e para exacerbações, muitas vezes levando a uma crise miastênica, que é a manifestação mais grave desta doença devido a presença da insuficiência respiratória. Outra síndrome miastênica que jamais deve ser esquecida é o Botulismo. Trata-se de infecção por uma bactéria chamada Clostridium botulinum, que leva à paralisia muscular rapidamente progressiva e generalizada, muitas vezes sendo confundida com Síndrome de Guillain-Barré. A não identificação precoce do Botulismo impossibilita seu tratamento no tempo alvo, prejudicando a recuperação e muitas vezes levando ao óbito.
O que todas essas condições têm em comum é o fato de não serem provocadas por uma predisposição genética, mas sim por fatores adquiridos, como agentes infecciosos, ou por reações inflamatórias pós-infecção.
Felizmente, é possível tratar muitas delas com sucesso a partir de um diagnóstico precoce.
O papel da eletroneuromiografia na investigação clínica de doenças neuromusculares
Quando surgem sintomas neuromusculares de causa incerta, o exame de eletroneuromiografia (ENMG) é um dos principais aliados.
Afinal, ele permite analisar toda a atividade elétrica dos nervos e dos músculos, mostrando quaisquer alterações típicas de disfunção destas estruturas .
Com a ENMG, é possível identificar se o problema está no nervo, no músculo ou na junção entre eles, além de avaliar a gravidade do comprometimento neurológico.
O exame também permite monitorar a evolução do quadro e a resposta ao tratamento ao longo do tempo.
Quando buscar ajuda médica?
Se você teve uma infecção recente e começou a sentir fraqueza muscular, dormência, dor ou formigamento, é fundamental procurar ajuda especializada.
Afinal, quanto antes o diagnóstico for feito, maiores são as chances de recuperação completa.
Conte com a experiência
Sou a Dra. Melissa Polaro, médica neurologista especializada em eletroneuromiografia e em doenças neuromusculares, com vasta experiência no diagnóstico e acompanhamento destas condições.
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